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  • Foto do escritorNoah Gabriel

Caso da Família Turpin

Post dia 16 de Janeiro, 2 dias após a menina denunciar os pais

A polícia foi chamada por uma moça de 17 anos que, segundo os investigadores, aparentava ter 10. Disse que seus 12 irmãos estavam sequestrados em sua casa, em um subúrbio de Perris, no interior da Califórnia. Na residência, os policiais de Riverside foram atendidos por um casal. Enquanto conversavam com eles, perceberam que havia uma dúzia de pessoas na casa, algumas acorrentadas, em meio a um cheiro nauseabundo. Sete eram adultos, mas estavam tão desnutridos que pareciam crianças.

A descoberta estarrecedora aconteceu na manhã de domingo, dia 14, e foi divulgada na segunda-feira pelo xerife do condado de Riverside em uma nota à imprensa. A jovem que avisou a polícia disse que tinha conseguido fugir e telefonar de um celular que tirou da casa, situada em uma rua sem saída de um condomínio em Perris, 120 quilômetros a leste de Los Angeles.

Os pais foram identificados como David Allen Turpin, de 57 anos, e Louise Anna Turpin, de 49. As crianças foram descobertas em um ambiente “escuro e fedorento”. Algumas estavam acorrentadas às camas.

“Os pais não conseguiram dar uma explicação lógica do motivo pelo qual estavam imobilizados dessa maneira”, diz a nota. “Os agentes encontraram dentro da casa o que acreditavam ser 12 crianças, mas ficaram impressionados ao descobrir que sete na verdade eram adultos, com idades entre 18 e 29 anos. As vítimas pareciam sujas e muito desnutridas”.

As vítimas receberam atendimento médico e comida, depois de dizerem aos agentes que estavam famintos. Os serviços de Proteção aos Menores estão ajudando na investigação. A criança mais nova tinha dois anos. Todos foram hospitalizados.

Os pais foram presos e enfrentam nove acusações por tortura e 10 por colocar menores em perigo. O juiz estabeleceu uma fiança de 9 milhões de dólares para cada um. Eles não têm antecedentes no condado.

Na tarde de segunda-feira se sabiam poucos detalhes a respeito do casal. Segundo os arquivos do condado de Riverside, citados pela imprensa local, os Turpin são donos de um lote em que há uma escola chamada Sandcastle Day School, criada em 2011. Nos registros do Departamento de Educação, David Turpin figura como diretor. Esses mesmos registros revelam que a escola particular tem seis alunos.

No Facebook, um perfil chamado David-Louise Turpin, uma combinação dos nomes dos pais, mostra dezenas de fotos do casal cercado de crianças, publicadas entre 2011 e 2016 em diversas situações. São três meninos e 10 meninas, uma delas bebê. Em uma das séries de fotos posam com um imitador de Elvis no que parece ser uma festa de casamento. O perfil afirma que Las Vegas é um dos lugares visitados.

Famiília Turpin na Disney sem o bebê

Em outro álbum está toda a família, menos o bebê, na Disney. Os meninos têm o mesmo corte de cabelo do pai e todas as meninas exibem roupas e penteados iguais. Pessoas de sobrenome Turpin comentam as fotos com naturalidade, e uma pessoa de sobrenome Flores, que afirma ser irmã da mãe, comenta as fotos dela com o bebê.

A emissora local da ABC conversou com uma vizinha que disse ter visto o casal sendo preso e as crianças saindo da casa. “Estavam de pijama porque era muito cedo de manhã”, contou a mulher, que não quis ser identificada na câmera. “Estavam muito pálidos, como se nunca tivessem tomado sol. Vi alguns dos mais velhos, a maioria garotas, com um porte físico muito pequeno”.

A casa fica em um condomínio de casas relativamente novo no subúrbio de Perris, no vale de Temecula, próximo ao deserto no interior da Califórnia. Uma vizinha de frente citada pelo Los Angeles Times afirma que, quando se mudou, lhe disseram que o casal tinha 12 filhos, mas nunca viu todos. De vez em quando via três crianças entrando na caminhonete com os pais. Estavam muito pálidos. “Acreditava que estudavam em casa. Você sabe que há algo estranho, mas não quer pensar mal das pessoas”.


Post dia 21 de Junho

Na fotografia se vê uma menina pequena com cabelo comprido, jeans e uma camiseta rosa e listrada da Minnie Mouse. É Julissa Turpin, de 11 anos. Olha para o chão com expressão triste. É uma menina muito magra e com a pele muito branca. Em outra imagem está Joanna Turpin, de 14 anos. É possível ver sujeira em seu pescoço, e os pés, descalços, estão quase pretos. Estão em um quarto, acorrentadas a um beliche de madeira. Esta e outras fotos foram feitas em um celular por Jordan Turpin, sua irmã de 17 anos, que no dia 14 de janeiro fugiu da casa por uma janela para chamar a polícia. As fotos deveriam servir como prova do que iria contar aos agentes.


Nesta quarta-feira, as imagens foram projetadas em uma tela do tribunal criminal número 44 de Riverside, no interior da Califórnia. O caso da família Turpin comoveu o mundo em meados de janeiro, quando o Ministério Público do distrito anunciou que tinha detido um casal que mantinha em condições de tortura 12 de seus 13 filhos, em uma casa de Perris, Califórnia. Até a audiência preliminar desta quarta-feira, o Ministério Público não havia apresentado ao público suas provas para acusar David e Louise Turpin de 12 crimes de tortura, mais um de abusos sexuais. O juiz Bernard J. Schwartz proibiu fotos e gravações dentro da sala.

A garota da foto, Julissa Turpin, estava no percentil 0,1 de peso para sua idade, e no percentil 0,67 de altura, segundo relatou na sala o investigador Patrick Morris. O diâmetro de seu pulso era o de um bebê de quatro meses e meio. O baixo nível de potássio e de glicose afetava o crescimento de seus músculos e o intelecto, disse Morris, citando relatórios forenses. “As enzimas do fígado estavam passando para o sangue, algo que se vê em casos de desnutrição severa.”

Morris e outros investigadores relataram de memória dados parecidos de altura e peso de todos os irmãos Turpin atendidos em hospitais após serem resgatados. Depois, projetaram fotografias de seus braços esquálidos. Estavam cheios de sujeira, menos em algumas zonas brancas. Era a marca das correntes.


O juiz Schwartz e o público presente na sala também puderam escutar aquela chamada telefônica que acabou com o pesadelo. Jordan Turpin tinha conseguido um telefone celular que seu irmão mais velho, Joshua, havia jogado fora. Ele lhe havia dito que só servia para ligar para o 911, o número da emergência. Em 14 de janeiro, pouco antes das seis da manhã, saiu por uma janela de seu quarto. Disse seu nome e idade à atendente. “Fugi de casa.”

Quando a atendente perguntou-lhe seu endereço, Jordan Trupin leu uma sequência de nove números. Era seu código postal, mas ela achava que era um endereço. Finalmente lê de um papel o endereço completo. “Somos 16 pessoas na casa. Somos maltratados. Meus irmãos estão acorrentados.” Quando a atendente perguntou-lhe onde estava, Jordan Turpin disse: “Não sei. Nunca estive fora. Não sei os nomes das ruas”. Enquanto isso, a atendente avisa dois agentes do gabinete do xerife. Constata que a menina está ao lado do endereço que acaba de ler e pede que fique ao lado de uma placa de stop.

Nessa ligação, Jordan Turpin relata quase tudo o que se foi sabendo depois. “A casa está tão suja que às vezes não posso respirar.” Ela também conta que antes moraram no Texas, que seus pais os mantiveram em um trailer quatro anos sem aparecer por lá, anos em que cuidaram sozinhos de si mesmos.

O juiz escutou também da boca dos investigadores o impacto que lhes causou a sujeira e o mau cheiro de todas as crianças. Fotografias das roupas que usavam duas das meninas quando foram resgatadas mostravam uma quantidade de sujeira que fazia com que as roupas pesassem, segundo um deles. Tomavam banho uma vez por ano.

Nas entrevistas com os investigadores, as crianças relataram uma vida de espancamentos, abandono, sujeira e escuridão. Jordan se levantava às 23 horas e ia dormir às três da manhã. Não via a luz do sol. Dormia 15 horas por dia e só saía de seu quarto para comer, lavar as mãos e escovar os dentes. Para comer só havia sanduíches de manteiga de amendoim e burritoscongelados. A mãe os chamava de um a um. Iam até a cozinha, comiam de pé um sanduíche e voltavam para seu quarto.

O objetivo da audiência preliminar é convencer o juiz de que há material para sustentar as acusações imputadas e, portanto, pode proceder ao julgamento. A audiência prosseguirá nesta quinta-feira com argumentos para cada um dos crimes contra o casal Turpin.





Créditos: Brasil El País

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